No dia 17 de abril de 2016, sob clics, discursos inflamados, poses e gravações para o Instragram, a Câmara Federal decidiu dar prosseguimento à peteca, que cairá nas mãos dos senadores.
Como entrará para a História do Brasil este dia em que houve a decisão da Câmara Federal de autorizar o processo de Impeachment da Presidente da República? Como Golpe? Como democracia? Certamente, o futuro próximo dirá.
Os votos se deram pela ética e pela moralização na política? Pelo combate à corrupção? Por amor a Deus e à família? Pelo desprezo político dos parlamentares sofrido pelo Planalto? Teria sido pelo que disse Roberto Jefferson: “brigou-se com ‘O malvado favorito’ Eduardo Cunha”?
É bem verdade que o atual governo ‘desgovernou-se’ e o caos na economia, provocado em parte, por erros na condução da política econômica e em parte pelo terrorismo de setores da mídia nacional, impulsionaram a maioria da opinião pública a posicionar-se de forma contrária ao governo, na esperança de dias melhores.
Mas parece-me, portanto, mesmo diante do circo armado sob o mote das “pedaladas” que o verdadeiro componente que impulsionou a votação do dia 17 de abril foi o componente político. Que prefeito governa sem os vereadores? Que governador governa sem os deputados estaduais? Que presidente governa sem o congresso?
É óbvio que ambos os lados negociaram votos favoráveis e contrários, a peso de ouro, mas, falando em erro político, lembro-me como se fosse hoje de entrevista exclusiva que fiz com uma raposa velha e escaldada pela política: o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor, (acho que em 2006). Perguntei: mas, como será a sua convivência no Congresso Nacional, após ter sofrido um processo de Impeachment? E ele, arregalando os olhos bem sérios e me encarando, respondeu: “eu agora QUERO FAZER AMIGOS.” Nunca me esqueci do tom maquiavélico de suas palavras.
Péssima articuladora, por muitas vezes a presidente Dilma perdeu apoio do seu próprio partido. O papel político do grupo sempre foi – com maestria – executado pelo ex-presidente Lula, que por pouco não voltou a ser presidente de fato novamente.
Porém, mais uma vez, por erro político, demorou a ser chamado. Quando chegou, de certo modo tarde, não conseguiu mais apagar o incêndio político causado por sua criatura – e o criador – ainda levou um tiro na testa com as gravações intencionalmente vazadas, que puseram fim às últimas esperanças de que pudesse entrar oficialmente para o Governo, na tentativa de salvá-lo de um naufrágio.
Mas… E agora, Brasil? Vem aí a tramitação no senado e pelo jeito, vai passar. Ok. Nosso presidente será Michel Temer? Acunhado na vice, teremos o Eduardo? O processo de cassação da chapa no TSE será esquecido – ou ineditamente jugado em separado? E se os dois caírem, vem aí o Renan? E a lava-jato continuará? E se continuar, continuará com o mesmo nível de cobertura dos maiores veículos de comunicação do país? Permanecerá o mesmo interesse da população em acompanhar tudo e gritar: #foratemer #foracunha #forarenan #foramauf #foracollor #forametadedocongresso ?
Se o verdadeiro desejo do povo brasileiro “representado” pela câmara foi pela mudança, que ela ocorra em profundidade. O impeachment com a saída Dela e a permanência Deles, resolverá os nossos problemas? Seria o caso de eleições gerais?
Que o pau que bateu em Chico, bata em Francisco. Que a delação que valeu para um, valha para todos. Que a punição pelo recebimento de propina disfarçada de doação legal de campanha feito por empresas investigadas na Lava-Jato valha para todos.
Simplesmente porque num país onde o que valer para um, não valer para os outros, aí, sim, diremos: TCHAU, QUERIDA PÁTRIA!
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