Indústria brasileira prevê perdas com novo status comercial da China
O reconhecimento da China como economia de mercado a partir de 11 de dezembro pode significar um prejuízo de R$ 410 bilhões à indústria nacional no período de 2017 a 2020, somadas as perdas em produção e na receita bruta com a venda de produtos, estima um estudo realizado pela BarralMJorge (BMJ) Consultores Associados.
A mudança de status na Organização Mundial do Comércio (OMC) dificultará a adoção de medidas de defesa comercial contra o país asiático, reduzindo a proteção à indústria brasileira. A consultoria calcula que 856 mil postos de trabalho seriam extintos em quatro anos.
O estudo foi elaborado a pedido do Instituto Aço Brasil, já que o setor siderúrgico é um dos mais afetados pela concorrência chinesa. Os dados serão levados pela entidade ao governo federal. Um dos autores do levantamento, o ex-secretário de comércio exterior Welber Barral explica que, se confirmada a obrigação de reconhecer a China como economia de mercado, ficará proibido o uso de preços de terceiros nas investigações de dumping (venda de um produto a preços muito inferiores aos do mercado de origem) e de subsídios contra exportadores chineses.
Em 2001 a China foi aceita como membro da OMC. O protocolo de acesso deu 15 anos para que o país fizesse reformas – em temas como subsídios, controle de preços, câmbio e investimentos – que permitiriam seu ingresso no sistema multilateral de comércio. Para garantir concorrência justa nesse período, o documento permitiu que demais membros da OMC utilizassem preços e custos de terceiros países como referência em investigações comerciais contra a China, considerando que a composição de seus preços de exportação não era realista em razão dos subsídios e do intervencionismo estatal.
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