0 comentário(s)

[ COMENTÁRIO ] VOCÊ É “ACHOCENTRISTA”?

 

A humanidade, durante períodos de sua história, oscilou ente o antropocentrismo, que tem o homem como o centro do universo, e o teocentrismo, que tem a deus como o centro do universo. Ao que me parece, estamos agora passando por uma nova era. A era do “achocentrismo”: A “cultura” do achismo com o centro de todas as explicações do universo. Tudo passa a ser explicado a partir do que eu acho. Nada de verdade científica vale mais, nem o que está na lei, na história, ou no discurso do Papa. O que vale é o que eu acho. Isso serve para todas as modalidades de explicações, desde novidades, fatos, fenômenos da natureza, dicas de dietas, cura de doenças às discussões no mundo político.

Apesar disso tudo, uma coisa interessante é que na cultura do achismo é mais complicado achar alguma coisa sozinho. Tem que ter um monte de gente achando também o que eu acho, para que eu possa respaldar e dar mais autoridade ao meu achismo.

Em tempos de redes e mídias sociais, a propagação viral dessa cultura do achismo ficou mais fácil. É mais simples e rápido “achar” as coisas coletivamente, mesmo sem estar procurando, pois, os discursos e as respostas para todas as perguntas estão padronizados. Perceba que se você for discutir política com uma pessoa do Rio Grande do Norte ou do Rio Grande do Sul, ouvirá os mesmos argumentos e explicações.

Um detalhe importante é que grande parte das pessoas muitas vezes acha que o que elas estão achando é o certo é que isso foi uma descoberta por si só, fruto de sua própria inteligência, e que, por um acaso do destino, ou por pura coincidência, as outras pessoas estão achando o mesmo. Sendo assim, dá até para se sentir mais inteligente e encorajado em defender o que você acha que está certo, não é mesmo?

Boa parte dessas pessoas não percebem que apenas reproduzem como se fossem papagaios, ideias, criações,  respostas, justificativas ou mesmo argumentos e consensos, que na verdade são fabricados e distribuídos em escala industrial, e chegam à palma da mão de cada um pelo celular ou computadores, em forma de mensagens, correntes, alertas e notícias entre aspas. Todas elas, encaminhadas àquele terminal de celular, de acordo com o perfil psicológico de cada um – e por isso parecem ser tão autênticas.

É neste fértil terreno onde reinam e são propagadas as “Fake News”. Por pura ignorância, displicência ou simplesmente por má fé mesmo, estes instrumentos acabam colaborando para criação de realidades paralelas, ou mesmo para o desvio de foco das principais questões com as quais a sociedade realmente deveria estar se preocupando e discutindo.

Portanto, é necessário cuidado, pois muita coisa que andam achando  por aí, na verdade são conteúdos fabricados para serem achados por pessoas, às vezes até de “boa fé”, mas desprovidas de senso crítico, e que, simplesmente por achar que é verdade, ou por concordar com ela, compra a ideia empacotada, consome e passa adiante.

Por fim, quatro lembretes importantes:

  1. O fato será sempre o fato, mesmo que você não concorde com ele;
  2. Nem sempre ter opinião, significa ter razão e,
  3. Não existem soluções simples para problemas complexos;
  4. não confunda política com futebol, nem economia com religião.

E aí? Você se acha um “achocentrista”?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *