[COMENTÁRIO] REFLEXOS DA DECISÃO DO SUPREMO SOBRE PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA.
Dentre milhares de presos que poderão – ou não – sair de onde se encontram, na verdade há um em especial que desde o início sempre foi o foco nesta discussão sobre a prisão ou não em condenação após segunda instância: o Ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Mas, a votação no supremo, curiosamente, não contou com nenhuma mobilização expressiva contrária daqueles mais ligados a Sérgio Moro ou principalmente a Bolsonaro. E, neste caso, existe uma avaliação de que há um mar de arrependimento por parte de muitos que encararam cegamente a aposta extrema, no campo da política e da economia, que foi a eleição de Bolsonaro, diante do que tem sido o exercício do seu mandato.
Também nos bastidores, circula a especulação de que arbitrariedades que foram cometidas contra o Ex-Presidente começariam a ser desembaraçadas após as eleições e após os leilões de petróleo do pré-sal. Coincidência ou não, a decisão que poderá provocar a soltura do Ex-Presidente Lula se deu exatamente no dia do último leilão frustrante desses poços de petróleo.
Outro aspecto também deve ser considerado: num momento onde a política tem sido “judicializada” e a justiça “politizada”, como também as instituições como um todo e a própria democracia tem sido atacadas diariamente, há também uma postura de reafirmação e independência na decisão do Supremo, com um recado direcionado especialmente a Sérgio Moro que fez da lava jato – que no início gozava de credibilidade – e tem feito da Polícia Federal, um palanque político: nas palavras do Ministro Dias Tóffoli, não há espaço ali, no mundo da política, nem para heróis, nem para candidato a heróis.
Uma clara consequência política da decisão, em considerando a soltura do Ex-Presidente Lula, é que Bolsonaro poderá se beneficiar diante de um possível acirramento da polarização, coisa que, neste caso, poderá apagar ou deixar turvas as atenções que já se voltavam para a tentativa de construção de um centro-direita (com Dória, Luciano Hulk, Álvaro Dias e Rodrigo Maia), ou mesmo de Sérgio Moro, de que, dentro do Governo, perante o desgaste político de Bolsonaro, tenta se viabilizar como uma alternativa para presidência em 2022.
Uma coisa é certa: liberto, Lula rodará todo o Brasil de olho em 2022. E aí, já imaginaram uma eleição Lula x Bolsonaro em 2022?
Ainda nos bastidores, a dúvida sobre com que espírito sairá o Ex-Presidente da prisão: se mais ao estilo “paz e amor”, com discurso de união, de reconciliação do país e das instituições ou no estilo “jararaca”, mais vivo do que nunca e pronto para atacar.
Por fim, vale o esclarecimento a uma notícia distorcida, a de que é a decisão do Supremo a responsável pela saída de Lula da prisão, quando, na verdade, a própria força tarefa da lava-jato, incluindo Deltan Dallagnol, já havia pedido progressão de regime para o Ex-Presidente.
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