Duas situações interessantes envolvendo problemas de políticos com a justiça tem comportamentos diferenciados por parte de dois personagens diferentes nesta semana.

Por um lado, o Ex-Presidente Lula investigado, julgado e condenado, segue tentando provar, como ele mesmo diz, a sua inocência. Mesmo não concordando com as decisões judiciais, vai recorrendo e tentando enfrentar questão por questão.

Muitos dos que defendem mudanças na política, classificam Lula como um dos membros da velha política, das velhas práticas condenáveis.

Depois dos diversos vazamentos que têm mostrado os bastidores da lava-jato a cada dia, e de alguns freios e revezes que a operação tem sofrido, os próprios acusadores, membros do Ministério Público Federal, inclusive Deltan Dalagnoll, tentam amenizar os seus possíveis erros, propondo à justiça um relaxamento na prisão do Ex-Presidente, que progrediria para um regime semiaberto, com tornozeleira eletrônica.

Mesmo contrariando seus companheiros de partido e a sua própria família, o Ex-Presidente diz que fica onde está, até que se prove sua inocência. Com isso, segue a batalha na justiça.

Por outro lado, temos um representante do que alguns começaram a chamar de “nova política”, mesmo sendo integrante da velha, com uma família inteira inserida há décadas em cargos públicos.

O filho do Presidente da República, hoje Senador, Flávio Bolsonaro, em comportamento diferente do que defendia para todos e com relação ao próprio Lula, recorre a todo momento para tentar atrasar e paralisar as investigações contra ele, sobre corrupção, peculato e lavagem de dinheiro público. Tentou inclusive recorrer ao foro privilegiado no Supremo, órgão por ele tão criticado, mesmo sem que os seus atos tenham transcorrido no decorrer do mandato de Senador.

E eis, que, Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, depois de diversas tentativas, conseguem das mãos de um dos mais criticados membros do STF, inclusive duramente criticado por ele, sua família e apoiadores, o Ministro-Laxante Gilmar Mendes, a paralisação das investigações contra eles, iniciadas em virtude dos dados obtidos com o COAF…

Uma das grandes provas da “futebolização” da nossa política está aí. Onde estão as críticas a Gilmar Mendes? Onde estão aqueles que diziam que para fechar o Supremo bastava um cabo e um soldado?

Trata-se, meus amigos, do que eles mesmos chamam de velha prática na política. Aos amigos, as benesses da lei. Aos inimigos, os rigores da lei.

De todo modo, o que fica claro com tal situação é a diferença dos comportamentos de cada um perante a justiça: um, mesmo podendo ter a sua prisão “flexibilizada”, como já ocorreu com diversos presos da lava-jato, diz que de lá não sai e luta para provar a sua inocência. O outro, mesmo se dizendo representante da “nova política”, luta para não ser nem mesmo investigado. Ora, como assim se quem não deve, não teme?

Vejam vocês mais um episódio que mostra como o mundo dá voltas…