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[COMENTÁRIO] ALGUNS CUIDADOS COM A DOSE DA POLARIZAÇÃO.

 

 

Um dos fatos políticos mais significativos do ano, a liberdade do Ex-Presidente Lula, como liderança política mais expressiva das Esquerdas do Brasil, traz consigo uma consequência natural: A recomposição de uma polarização política que levou o Brasil à eleição de Bolsonaro.

Um percentual votou no atual presidente por identificação ideológica, mas a grande maioria, votou porque não queria na ocasião o PT. Naquele momento, Bolsonaro encarnou o “antipetismo” e gerou, para muitos, algumas esperanças e expectativas, que hoje, frustra boa parte do seu eleitorado de ocasião.

Em meio a esse cenário, uma tentativa foi crescendo no sentido de se construir um centro político, mas, ainda com fragilidades e muito dividido entre João Dória, Rodrigo Maia, Luciano Hulk, Álvaro Dias. Até o próprio Sérgio Moro, mesmo sob as asas de Bolsonaro, flertava com este espectro da política em construção.

Com a liberdade de Lula, Bolsonaro enxerga uma tentativa de recomposição de sua base e redefinição de seu polêmico e atordoado Governo, na tentativa de que se zere o jogo jogado até agora e desfavorável para o presidente perante a maioria da população que reprova seu Governo.

O Ex-Presidente Lula termina significando uma nova injeção de combustível no “Bolsonarismo – Raíz”, que, por consequência, desidrata o centro político, que tendia a acolher parte dos seus eleitores de ocasião e chama a atenção para um “Flamengo e Fluminense eleitoral”, que na época, foi impedido pela justiça. As análises daquele período, apontavam para a chance de que o próprio Lula pudesse ter sido eleito, mesmo de dentro da prisão.

O Governo Bolsonaro pode estar diante de uma chance de reorganização interna para uma possível nova disputa: diretamente contra Lula, que hoje está inelegível, mas que amanhã poderemos ter um novo cenário, em caso de anulação de seus processos, ou mesmo contra um nome apoiado por ele.

Em meio a esta polarização, com toques de revanche, ou de “tira-teima”, está em jogo não só o Brasil e os brasileiros, mas um projeto de país. E há uma diferença muito clara entre os projetos de Lula e Bolsonaro para o país.

O ideal, o que esperamos, é que neste longo percurso que teremos pela frente, já, de certo modo, antecipando as eleições de 2022 (apesar das eleições de 2020 no meio), é que de fato os debates e embates se deem em torno de ideias para o Brasil e não que seja acirrada a divisão do povo brasileiro, como foi o clima da campanha em 2018.

Que haja respeito, racionalidade e não cegueira na hora dos necessários debates, principalmente no meio da população, que na eleição passada votou em um lado, não por querer esse lado, mas, por não querer o outro e como consequência, chegou ao final dividida, e com incontáveis separações de amigos, casais, familiares e sócios, dentre outros.

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