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Política e nepotismo como negócio de família!

Nepotismo é uma das formas de patrimonialismo, que é a mistura do público com o privado. É tratar o gabinete, como se fosse a cozinha de sua própria casa. Nem sempre foi ilegal no brasil, mas hoje é ilegal e imoral.

O nepotismo provoca diversos males e um deles é a concentração cada vez maior de poder nas mãos de poucos, o que fere duramente a própria democracia, pois, no jogo eleitoral, nas disputas, no período da campanha, quanto maior for a sua rede de parentes, amigos e familiares empregados, geralmente com altos salários, maior será a sua vantagem na concorrência eleitoral com os adversários.

É poder que gera mais poder: com o emprego de familiares nos cargos da burocracia do estado, cria-se a condição de se apoiar outros nomes da própria família para outros cargos eletivos, que por sua vez terão a condição de nomear mais cargos comissionados diretamente em seu gabinete, ou seguindo os caminhos do nepotismo cruzado, que é quando membros de poderes trocam entre si nomeações de parentes: um nomeia o do outro.

Nesse jogo da velha política, os tentáculos das famílias se estendem não somente aos cargos nomeados, mas, muitas vezes, aos orçamentos que eles controlam. Desde verbas de gabinete e emendas parlamentares a outros orçamentos quando são nomeados em secretarias de governo municipal e estadual, ou ministérios e cargos no plano federal.

O nepotismo significa na prática a drenagem dos recursos do estado e dos governos para uma família em particular e ainda prejudica a oportunidade de se poder nomear pessoas que sejam competentes para essas vagas e tenham mais liberdade de atuação, o que desconcentraria poder e renda, num país que já é tão desigual.

Pesquisadores de todo o país, coordenados pelos professores Ricardo Oliveira e Mônica Goulart do Paraná e Marciano Monteiro da Paraíba, vem rastreando todo esse fenômeno e os prejuízos que ele causa à democracia.

Aqui no Rio Grande do Norte, minha pesquisa de mestrado, que virou livro, apresentou um raio-x do fenômeno, com as famílias mais antigas do poder, ALVES e MAIA e suas ramificações – Família e política no RN: Alves, Maia e o suporte do senado.

Para finalizar, destaco matéria do jornal O Globo: Em 28 anos, o clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares: Jair, Carlos, Flávio e Eduardo. Cada família apadrinhada pela família Bolsonaro, indicava pelo menos três cargos. Vários deles com indícios de que mais de trinta por cento eram fantasmas e laranjas que ficavam com uma parte do dinheiro dos cargos, como pagamento pelo nome emprestado e repassavam o resto do dinheiro para a família Bolsonaro.

O caso mais conhecido, é o da família de Fabrício Queiroz que emplacou sete parentes em três gabinetes da família Bolsonaro (Flávio, Carlos e Jair), desde 2006 e é investigado por movimentar em sua conta mais de sete milhões de reais. O próprio Jair Bolsonaro pendurou nos cargos públicos suas duas ex-mulheres, genros e ainda se encontra sem explicação a transação de 40 mil reais por cheque com a atual mulher.

A estratégia da velha política era o uso desses cargos distribuídos com parentes de políticos e amigos muito próximos para sugar os cofres públicos. dinheiro revertido não só em campanhas, mas também no enriquecimento inexplicável do Queiroz e dos filhos de Bolsonaro.

Finalizando, merece destaque a falta de pudor e o descaramento do presidente da república em admitir, como se fosse algo banal, algo que é crime e que fere a constituição: “Já botei parentes no passado sim, e daí?” Mas, não é só no passado: Mentindo cinicamente, não esconde a sua nova missão, como representante da “nova política” que é a insistência em nomear o filho para a embaixada americana. Bolsonaro segue assim, fazendo da política e do nepotismo um negócio de família.

 

Confira o vídeoBoa Tarde Cidadão.

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