Audiência discute igualdade de gêneros no combate à violência
Na sequência de eventos com a temática voltada ao mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, uma audiência pública debateu, hoje (9) na Câmara Municipal de Natal, a participação da mulher na construção de uma educação voltada para a igualdade. A proposição foi do vereador Hugo Manso (PT) que entendeu ser esse um momento propício para o debate, visto que este é o mês dedicado à mulher e que, na recente votação do Plano Municipal de Educação, a maioria dos vereadores optaram por retirar o termo "gênero" do plano, excluindo a formação em torno da igualdade de gêneros nas escolas. "Olhar a questão da luta por direitos iguais entre homens e mulheres a partir da ótica da educação traz uma perspectiva inteligente para essa discussão. A realidade social só vai mudar quando as pessoas levarem essa compreensão para seu cotidiano. E a via mais poderosa para promover essa transformação é a educação". conceituou Hugo.
A titular da Secretaria estadual da Mulher, Teresa Freire, apresentou dados que apontam que as mulheres são maioria representando 51% da população norte-riograndense, mas que essa representatividade sofre com a diferença de gêneros. Apenas 37% delas são oficialmente responsáveis por domicílios particulares. "Esse é um dado importante que explica a dependência delas e a violência doméstica que sofrem e que precisam suportar", destaca. Nesse contexto, o Rio Grande do Norte é o segundo estado do Nordeste onde as mulheres menos denunciam a violência que sofrem e, no campo profissional, segundo apontou, o salário das mulheres é 30% menor que o dos homens. "Esse cenário é reflexo de uma sociedade que naturalizou a desigualdade de gêneros, de que o esteriótipo de que a mulher é mais fraca e menos capacitada do que o homem e que foi criada para o trabalho doméstico prevalece", avalia a secretária.
A diretora do departamento de enfrentamento a violência doméstica da Secretaria Municipal da Mulher, Ana Cláudia Mendes, diz que o enfrentamento à violência contra a mulher deve começar na formação ainda nas escolas. "Discutir gênero é reduzir a desigualdade e combater a violência, o preconceito e a discriminação. O termo 'gênero' foi retirado do plano de educação como uma tentativa de esvaziar esse debate por parte da classe conservadora e há um grande prejuízo com isso, mas não tem como negar a diversidade e necessidade de se discutir a igualdade dos direitos", declara. Para a professora da UFRN, Doutora em Educação, Kilza Fernanda, a discussão de gêneros deve acontecer antes da sala de aula. "Remonta a antes da sala de aula, a partir dos professores, com formação e capacitação, para que o debate ultrapasse as salas de aulas e alcance todos os outros ambientes da sociedade", destaca a professora.
Da audiência, participaram ainda vereadores, estudantes, educadores e representantes de movimentos sociais e entidades de classe como o Sindicato dos Professores. A ação é parte de uma programação mais ampla promovida pelo mandato do vereador durante todo mês e que também envolve atividades socioeducativas com as mulheres nos bairros de Natal.
0 comentário(s)