De nada adianta reprovar condutas e só punir de boca. Falei disso a cerca de um mês. depois de Bolsonaro em revezamento com seus filhos, agora é a vez de Ministros do Governo se posicionarem de forma autoritária. Estão avançando contra a democracia, dando um passo a cada dia, e nada acontece. E esse comportamento, vai abrindo espaço para se dobrar a aposta, e para que cada vez mais outras pessoas achem isso normal e passem a defender os mesmos absurdos, que se tenta naturalizar, principalmente em um contexto onde a discussão política está “futebolizada”, o que significa que toda loucura pode ser tolerada e defendida se quem levantar a bola for do seu time.

O momento mais grave da ditadura (que é o oposto da democracia) foi o período do ai-5 e a sua volta, há pouco, tempo foi defendida por um dos filhos do Presidente. Pelo absurdo que foi cometido, a única punição cabível, se desejarem de fato defender a democracia, é a cassação do seu mandato. Mas, como nada mais severo aconteceu até agora, chega a vez de mais um entrar na defesa deste instrumento ditatorial: o Ministro da Economia.

Para quem não sabe, devo dizer que não existe democracia sem oposição e sem protestos e o Ministro defendeu o AI-5 contra manifestações de rua (normais em uma democracia), culpando o Ex-Presidente Lula pelo seu discurso de convocação das pessoas em protesto contra a agenda econômica de Paulo Guedes. Além de uma coisa não ter nada a ver com a outra, vale lembrar que muito antes do Ex-Presidente Lula ser solto, Eduardo Bolsonaro já havia defendido a mesma coisa.

O que está doendo no Governo, e assombrando aos seus membros saudosos de regimes autoritários como os de Pinochet no Chile e Brilhante Ustra, é que o discurso de Lula tocou na ferida do Governo Bolsonaro, que é a sua agenda econômica. A mesma agenda que foi implementada no Chile, e hoje é a responsável pelos protestos que estamos acompanhando e pela mudança de rumos na política da Argentina. No Brasil, as desigualdades sociais estão aumentando, e ainda assim, estão indo no mesmo caminho com a implantação do mesmo modelo excludente.

No nosso entendimento, foi o medo e a insegurança de Paulo Guedes em relação aos reflexos da sua própria agenda econômica, que está sendo implementada no Brasil, que fez com que ele tirasse a máscara de democrata, e voltasse a defender a volta de um dos instrumentos mais absurdos da ditadura militar.

A declaração irresponsável do Ministro da Economia, inclusive, representa um perigo que pode desestabilizar a própria economia e o ministro só voltou atrás após novo recorde de alta do dollar, ou seja, após o grito do seu patrão maior, a quem ele serve em primeiro lugar: o Deus mercado.