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[COMENTÁRIO] COINCIDÊNCIA POUCA É BOBAGEM.

 

Vejam vocês como são impressionantes as coincidências que ocorrem na nossa República: em um dia, ontem, uma revelação da Polícia Federal – a polícia política do Governo Moro/Bolsonaro – atinge a integrantes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, com gravações realizadas desde 2015 e curiosamente só agora reveladas.

No momento seguinte, o STF arquiva pelas mãos do Ministro Alexandre de Morais, interceptado pela Polícia Federal, que é subordinada a Sérgio Moro, o processo de investigação não somente contra Bolsonaro, mas também contra o seu filho, Carlos Bolsonaro, no caso do brutal assassinato de Marieli Franco, mesmo diante de inúmeras evidencias que no mínimo exigiriam investigação e das declarações dos Bolsonaro de que tiveram acesso antes as gravações da portaria do condomínio, peça fundamental para desvendar o crime.

[E, de quebra, por outro lado, o rigoroso STJ, também atingido pelo grampo da Polícia Federal, anula a condenação do operador do PSDB, o doleiro Paulo Preto, que somente em contas bancárias na Suíça, tem pelo menos 140 milhões de reais, o valor equivalente a setenta triplex.]

Vale lembrar que Alexandre de Morais decidiu em sintonia com Augusto Aras, Procurador Geral da República, que foi nomeado por Bolsonaro e que disse que “não viu elementos suficientes que apontassem a necessidade de investigação no caso de obstrução de justiça por Bolsonaro e Carlos por terem acesso a dados da portaria do condomínio onde moram, antes da polícia, no caso em que o porteiro citava o “Seu Jair”; porteiro que mudou a versão, após ser ameaçado de prisão pela lei de segurança nacional”.

Vale destacar que, depois que a Polícia Federal passou a ter o direito de investigar e conduzir operações, transformou-se numa espécie de concorrente do Ministério Público em alguns casos, incluindo-se aí o componente político no direcionamento das investigações.

Ainda coincidência, hoje, o Ministério Público do Rio de Janeiro, na “contra-mão” do comportamento da Polícia e do Ministério Público Federal (PGR), possivelmente indignados com a manobra e sepultamento do caso Marieli, passou a cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Fabrício Queiroz, assessores de Flávio Bolsonaro e da ex-mulher do Presidente Jair Bolsonaro.

E, por fim, outra coincidência: há poucos dias o próprio Bolsonaro falou que uma “bomba” estaria para estourar em ralação a ele e seus filhos. Como sabiam disso? Sabendo o que ia ocorrer, quem garante que não destruíram ou alteraram provas, como foi o caso das gravações da portaria do condomínio no caso Marieli?

Ao que me parece, muitos membros da nossa república ainda não acordaram para o poder e o perigo pela forma de uso que tem nas mãos a Polícia Federal. Poder inclusive de interceptar ligações, coisa que sempre foi conhecida como “arapongagem” no mundo político e papel muitas vezes desempenhado pela ABIN ou o SNI da ditadura militar. É o tipo de poder que dá para conceder, como diria Maquiavel: “Aos amigos tudo, aos inimigos, os rigores da lei”.

Coincidência pouca é bobagem. Não é a primeira vez, nem será a última. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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